Começamos o dia cedo a caminho do Abismo de Anhumas 24 km do cetro de Bonito em estrada de terra. Para quem não conhece o Abismo de Anhumas é uma descida de Rapel negativa (sem o apoio das pedras, diferentemente da escalada que usa o apoio das pedras para impulsionar a subida) para isso fizemos um treinamento no dia anterior para nos adaptarmos com as cordas e manobras. E também assinamos um seguro de vida.
O passeio é punk, mas oferece toda a infraestrutura para tranquilizar os participantes. O equipamento utilizado segue as normas francesas (já que no Brasil não existe normas para o rapel). E é inspecionado antes e depois de cada operação. Não é permitido fotografar nem na subida nem na descida, mas pensa que o Fabrício ficou triste? Nada! Ele curtiu muito vários ângulos dentro da cave.
A História do Abismo:A palavra Anhumas significa o nome de uma ave típica do Pantanal. O preço da atração que é salgado R$ 360,00 (com flutuação, roupa de neoprene, passeio de bote, treinamento e rapel, sem transporte). Mas ao final do passeio esse valor valeu muito a pena, pois este momento foi um dos mais especiais da nossas vidas.
É importante lembrar que para este desafio não podíamos passar repelente, nem protetor solar e nenhum tipo de creme no corpo – pois o lago que iríamos nadar faz parte de um lençol freático. Antes de ir tomamos um banho e nem usamos desodorante. Tudo em prol de tentar deixar o meio ambiente intacto para que meus filhos e netos possam curtir este lugar também. O lago é proveniente do afloramento do Aquífero Guarani (que possui atualmente 12% da água potável de todo o mundo).
O rapel de 72m começa por uma pequena fenda na rocha e leva a uma caverna com magníficas formações e um lago do tamanho de um campo de futebol (com exatamente 7.663 metros quadrados) com águas cristalinas e transparentes e chega atingir 80m de profundidade.
Chegamos as 9 horas e saímos de lá a 2:30 da tarde, isto porque os visitantes devem sair da caverna com luz natural. Banheiros: só químicos, um dentro da caverna e um fora, lá em cima). Não foi um dos melhores banheiros que eu já fui, mas posso dizer com certeza absoluta que foi o que teve a visão mais linda.
O que eu achei muito bacana é que cadeirantes e paraplégicos podem participar dessa aventura. Para eles é feito um rapel especial, porque, repito, o único modo de entrar e sair da caverna é por este rapel negativo de 72m. Não existe outro modo de sair do Abismo. O site é www.paracadeirante.com.br
Nosso guia e também meu instrutor no treinamento foi o Mário (um cara super bacana, divertido e bem humorado que nos deixou a vontade e tirou fotos belíssimas da gente).
O Abismo de Anhumas foi descoberto na década de 70 devido a um incêndio que aconteceu nas proximidades. A primeira descida aconteceu em 1984, já o primeiro mergulho apenas em 91. Mais de 16.000 pessoas já tiveram o prazer de conhecer este lugar. Que tem o número restrito de visitação por dia, apenas 16 pessoas. (Por isso se vc pensa em vir para Bonito depois de ler este blog, contrate uma agência da cidade mesmo e agende seus passeios. A gente pode dar várias dicas. Em época de alta de novembro a janeiro é bom reservar com muita antecedência. A equipe de rapel trabalha ha catorze anos e já atendeu desde crianças de apenas 5 anos até senhores de 78.
O abismo foi classificado como a maior aventura do Brasil. E também como a maior subida em ascensão em corda!!! É o maior salão de caverna inundada. A época de alta na caverna também é de novembro a janeiro, pois são os meses em que o sol incide dentro da caverna deixando a atração ainda mais deslumbrante.
Os peixinhos (Lambari) que encontramos no Lago não eram para estar ali, pois a água que chega lá dentro sai de micro fissuras da terra, pela ação das chuvas. E não tem como os peixes chegarem lá. Uma das suposições, segundo o nosso guia, um pássaro tipo o Martinho-pescador deve ter deixado cair um lambari em fase de reprodução de cima da fenda. Os peixes se adaptaram e procriaram lá.
A caverna era totalmente inundada ha 9.600 milhões de anos. E há mais de 600 milhões de anos uma das paredes foi uma cachoeira, que hoje não existe mais. Na parte seca encontramos vários tipos de espeleotemas que são formações como estalactites, estalagmites, colunas, couve-flor, fingers e mais outras que a natureza esculpiu. A cada ano cada formação do tipo estalactites (aquelas pontas de calcário presas no teto da caverna) aumenta só 1 mm (milímetro).
As formações embaixo da água continuam se desenvolvendo, agora um pouco menos com a visitação e mergulho feitos no abismo, pois a jangada de calcita (o calcário, cálcio das pedras) depositado em cima da água se junta vagarosamente nas pedras do fundo das águas. O maior cone submerso possui 19,5m. E em alguns momentos da flutuação (sim teve flutuação) dava para ver uma floresta de cones.
Na região de Bonito foram encontradas ossadas de bicho preguiça gigante, mamute e Tigre dente de sabre (todos os personagens do filme A Era do Gelo – hehehe!).
Dicas para o Rapel e flutuação:Além da dica que eles passam no treinamento, aprendemos outros truques com os instrutores e com as pessoas mais experientes em rapel:
- Para economizar bagagem não leve uma toalha gigante para se secar, já que um simples Perfex (isso mesmo, aquele paninho de uso na cozinha) absorve a água da pele. E uma tolha de rosto para secar melhor (nós levamos duas enormes. Vivendo e aprendendo).
- “Mulheres” usem uma calça tipo legging e outra bermuda ou calça em cima (eu só fui com uma, tá doendo um pouco por causa da cadeirinha, mas o passeio valeu tanto que isso não faz a mínima diferença.
- Para não sentir tanto frio nos pés coloque um saco plástico antes da sapatilha que eles fornecem para manter os pés aquecidos.
A temperatura da água é de 18°C e da Caverna 21°C. (Só para fazer uma comparação que em Bonito os termômetros chegaram a marcar hoje 40°C na sombra e agora a noite está 34°C).
O que a BárBara sentiu:Bom, depois de descrever o histórico e as informações do Abismo agora sim vou tentar descrever o que eu senti lá dentro:
FOI SENSACIONAL! INESQUECÍVEL!
Um feixe de luz entra na caverna e ilumina o lago deixando numa tonalidade azul esverdeado e também vai clareando as paredes da caverna nos mostrando aos poucos cenas deslumbrantes.
O choro veio sem querer. Veio de dentro. Foi um choro com sorriso daqueles que vc não consegue explicar direito. E juro que cada vez que vejo as fotos eu volto a sentir esta sensação de êxtase e deslumbramento.
A descida foi fácil, tranquila e gostosa. Descemos um de frente para o outro, curtindo a paisagem e deixando de lado o medo.
A coragem veio não sei de onde... muito veio de um companheiro maravilhoso que tenho ao meu lado... que me instiga a descobrir um pouco mais da BárBara que existe dentro de mim.
Mas a vontade de conhecer o desconhecido, de ver coisas que meus olhos nunca imaginaram de ver, de experimentar novas sensações me trazia cada vez mais vontade e desejo de chegar ao Abismo de Anhumas.
Depois de descer e sentir outra temperatura na caverna colocamos a roupa de neoprene (a única parte do meu corpo que ficou de fora foi a boca e as mãos) mergulhamos no lago a 19°C – estava muito frio... nem sei dizer quanto tempo passamos com a cara na água. Observamos muitas formações geológicas. Depois da flutuação somente eu e o Fabrício fizemos um mergulho rápido sem a roupa que mantêm a temperatura do corpo.
Roupa seca, lanchinho que nós levamos e contemplação...
Após um passeio de bote e as informações do Abismo que o Márcio passou para a gente (já coloquei-as lá em cima).
Chegou a hora da subida, a parte mais difícil do Abismo. Levamos entre 25 e 30 minutos para subir. Um tempo muito bom! A cada lance eu me surpreendia mais comigo mesma, com a minha garra e força de vontade. O calor tava insuportável, pois na hora que subimos o sol estava bem no ângulo da entrada da caverna, pegando direto na gente.
A cada metro percorrido, suor escorrendo, dor nas pernas e braços, coração acelerado, adrenalina... mais perto a gente chegava a boca da caverna.
Assim que eu coloquei os pés no chão o choro veio novamente, sensação de superação total. Senti que não precisava de muito mais para me sentir viva, forte e destemida.
As fotos ficaram maravilhosas, e nesta parte as imagens falam mais do que mil palavras...
Márcio (nosso instrutor), Maiko (O Negão), Eder (que nos auxiliou na subida), Vadú e Gabriel (que nos auxiliaram lá em cima e no treinamento) saibam que vocês foram essenciais para a nossa superação. Obrigada! Nós voltaremos a nos encontrar!
Obrigada por este pedaço abençoado ser no meu BRASIL!! E estar apenas a 1.700km da minha casa!
Beijo em quem deu vontade de vir para Bonito! E um abraço bem apertado para quem sentiu vontade de descer o Abismo de Anhumas!!!
Ah! No dia de hoje ainda fomos ao Balneário Municipal. Lá nadamos nas águas cristalinas do Rio Formoso e tivemos uma visão nítida de peixinhos e curtimos a corredeira...
Antes de voltar ao Hotel ainda fizemos uma pausa para tomar sorvete de sabores nativos do cerrado!
O que o Fabrício sentiu:
Fazer rapel sem dúvida era uma das coisas que estavam na lista do “por fazer”. Nela ainda restam parapente, pára-quedas e bunge jump. Eu chego lá! Foi emocionante, desde a decida controlando a velocidade da descida e apreciando o salão da caverna até a subida com paradas para recuperar o fôlego e “se perder” observando as formações rochosas que lembram faces humanas, gatos e outras formas. Valeu Éder por nos mostrar!
Lá embaixo a temperatura da água nem foi problema para fazer o mergulho livre. Tivemos sorte e pegamos os primeiros horários em que a luz entra no lago iluminando as formações submersas que são lindas! As águas, como todas da região, são altamente cristalinas, facilitando nossa observação.
Sem dúvida o melhor passeio até agora, por ser bem completo. Vai desde o rapel, passando pelo mergulho e contemplação (no bote e na plataforma em cima do lago). Outro detalhe importante foi a temperatura agradável lá embaixo, que nos livrou do calor de 40 graus do meio-dia.
E amanhã tem flutuação no Rio do Prata!
mesmo?"
Leve na bagagem de mão informações sobre o local que você vai conhecer. A nossa indicação é o Guia 4 rodas que foi o compaheiro perfeito desta viagem e de muitas outras que teremos pela frente. Além do mapa do Brasil de rodovias, as dicas deste "pequeno" livro são quentes.
Foto da esquerda: Casa do João 
Nossa Classificação do Taboa: "Ducaralho"
A noite passamos no Monumento das Três Fronteiras ( e lá encontramos um fotógrafo conhecido - Eduardo Broering) e demos uma esticadinha para Porto Iguazu (Na Argentina) onde passeamos e jantamos no A Piacere.
1º dia
